sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Valores

Caracterização dos valores
• Os valores só têm existência no seio de uma dada cultura ou comunidade;
• Os valores situam-se na ordem do ideal e não dos objectos concretos ou dos acontecimentos;
• Os valores manifestam-se de forma real, nas condutas e nas coisas que os exprimem simbolicamente;
• Os valores não são coisas mas qualidades das coisas, não estão nelas de modo real e sensível;
• O modo de ser dos valores é o valer – o modo como cada membro de uma cultura valoriza as coisas;
• Os valores têm matéria, polaridade e hierarquia, universalidade ou relatividade.
• A matéria dos valores é o que distingue os valores uns dos outros;
• Polaridade diz respeito ao facto de os valores terem sempre um pólo positivo e negativo;
• A hierarquia implica que haja valores que se subordinem a outros – uns valem mais;
• Relatividade/universalidade, diz respeito ao facto de os valores serem próprios de uma sociedade, a qual tem sempre os seus valores, ideais, …


Tipos de valores
• Valores Éticos ou do bem moral – referem-se às normas ou critérios de conduta que afectam todas as áreas da nossas actividade;
• Valores Estéticos – valores que expressam o belo, o feio, o sublime, o trágico;
• Valores Religiosos – são os que dizem respeito à relação do homem com a transcendência;
• Valores Políticos - igualdade, justiça, imparcialidade, cidadania, liberdade;
• Valores Vitais – saúde, força

Facto e Valor
• Facto – é um acontecimento considerado objectivo, a realidade, em oposição a palavras, ideias, teorias, etc.. Os factos podem ser verificados e qualquer afirmação sobre eles pode ser verdadeira ou falsa.
• Valor – é uma qualidade que atribuímos às coisas, situações ou pessoas. Resultam de uma escolha em função da atitude, da cultura e da educação de cada pessoa. São subjectivos e relativos.

Divergência de posições
• Os que defendem a separação radical entre facto e valor
• Os que defendem que o normativo e o factual se encontram numa relação mútua

Historicidade e perenidade dos valores
• Objectivismo axiológico : Os objectos valem por si mesmos, independentemente do sujeito.
• Subjectivismo axiológico: O valor do objecto depende do modo como a sua presença afecta o sujeito

Qual a perspectiva correcta?
• Os valores não se reduzem às vivências do sujeito que avalia, nem existem em si. Os valores existem para um sujeito, entendido não apenas como mero indivíduo, mas como ser social.
• É o homem, enquanto ser histórico-social, com a sua atitude prática que cria os valores. O indivíduo encontra-se determinado por uma cultura, da qual se alimenta espiritualmente. A sua apreciação das coisas, os seus juízos de valor conformam-se com as regras, critérios e valores que nem inventa nem descobre pessoalmente, antes têm uma significação pessoal.
• Os valores são criações humanas, existem unicamente num mundo social, para o homem e pelo homem.
• Resultam de apreciações interiores, organizadas hierarquicamente numa escala de preferências individuais e sociais, em função da qual pautamos o nosso comportamento.
• O homem e a vida mudam, logo os valores também mudam – a historicidade é própria do homem, mas também dos valores.

Considerações finais:
1) Não existem valores em si, como entes ideais ou reais, mas objectos reais (ou bens) que possuem valor.
2) Uma vez que os valores não constituem um mundo de objectos que exista independentemente do mundo dos objectos reais, só se dão na realidade - natural e humana - como propriedades valiosas desta realidade.
3) Os valores requerem, por conseguinte - como condição necessária - a existência de certas propriedades reais - naturais ou físicas - que constituem o suporte necessário das propriedades que consideramos valiosas.
4) As propriedades reais sustentam o valor, e sem as quais não se daria este, só são valiosas potencialmente. Para se actualizarem e se converterem em propriedades valiosas efectivas, é indispensável que o objecto se encontre em relação com o homem social, com os seus interesses ou necessidades. Deste modo, o que só vale potencialmente adquire um valor efectivo.


Valores universais
• Pessoa
• Dignidade humana
• Liberdade
• Solidariedade
• Igualdade
• Valores e cultura: universalidade ou relatividade

Tendo a diversidade cultural subjacente a diversidade dos valores, estaremos condenados ao relativismo dos valores?

A crise de valores
• Vivemos ou não uma crise de valores?
• Segundo alguns, assistimos a uma decadência dos valores tradicionais.
• Para outros trata-se apenas de uma transformação dos valores, devida às próprias mutações económicas e sociais exigidas pelo ritmo da vida moderna.

O que se defende?
• A crise/morte de alguns valores não significa ausência de valores, antes pressupõe que novos valores nasçam, ainda que outros permaneçam: amizade, amor, generosidade, honestidade, justiça, liberdade…
• O desenvolvimento científico e tecnológico implicou o alargamento da reflexão em torno do campo dos valores;
• A influência da ciência, do racionalismo técnico e da tecnologia permitem ao homem um domínio acentuado sobre a natureza;
• A técnica satisfaz não só as necessidades humanas, mas cria sobretudo novas necessidades de consumo, contribuindo para acentuar a crise de valores tradicionais, se atendermos à mudança de mentalidades.

2 comentários:

  1. Historicidade
    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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    Historicidade é a realidade histórica de pessoas e eventos, significando a qualidade de fazer parte da história em oposição a ser um mito, lenda ou ficção. A historicidade se concentra no verdadeiro valor das afirmações de conhecimento sobre o passado (denotando atualidade histórica, autenticidade e factualidade). A historicidade de uma afirmação sobre o passado é seu status factual.[1][2]
    Alguns teóricos caracterizam a historicidade como uma dimensão de todos os fenômenos naturais que ocorrem no espaço e no tempo. Outros estudiosos caracterizam-no como um atributo reservado a certos fenômenos humanos, de acordo com a prática da historiografia. Herbert Marcuse explicou a historicidade como aquela que “define a história e assim a distingue da 'natureza' ou da 'economia'” e “significa o significado que pretendemos quando dizemos algo que é 'histórico'.”[3]
    O Dicionário Blackwell de Filosofia Ocidental define a historicidade como "denotando a característica de nossa situação humana pela qual estamos localizados em circunstâncias temporais e históricas concretas específicas". Para Wilhelm Dilthey, a historicidade identifica os seres humanos como seres históricos únicos e concretos.[4]
    As questões relacionadas à historicidade dizem respeito não apenas à questão do "que realmente aconteceu", mas também à questão de como os observadores modernos podem vir a conhecer "o que realmente aconteceu."[5] Esta segunda questão está intimamente ligada às práticas e metodologias de pesquisa histórica para analisar a confiabilidade das fontes primárias e outras evidências. Como várias metodologias tematizam a historicidade de maneira diferente, não é possível reduzir a historicidade a uma única estrutura a ser representada. Algumas metodologias (por exemplo, historicismo) podem sujeitar a historicidade a construções de história baseadas em compromissos de valores submersos.[6][7]
    Questões de historicidade são particularmente relevantes para relatos partidários ou poéticos de eventos passados. Por exemplo, a historicidade da Ilíada se tornou um tópico de debate, porque achados arqueológicos posteriores sugerem que o trabalho foi baseado em algum evento verdadeiro.
    Questões de historicidade também surgem frequentemente em relação aos estudos históricos da religião. Nestes casos, compromissos de valor podem influenciar a escolha da metodologia de pesquisa.

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