quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ética das Virtudes



A chamada ética das virtudes pode remontar até Aristóteles onde na sua Ética a Nicómaco se pergunta. “Em que consiste o bem para o homem?”Ao que se responde: ”Uma actividade da alma em conformidade com a virtude.” Aristóteles entendia que o bem próprio do homem é a inteligência e como tal este deve viver em conformidade com a razão, pois através dela chega-se às virtudes, sendo a sabedoria a mais importante. Define a virtude como um traço de carácter manifestado no agir habitual, em oposição a manifestações ocasionais desta ou daquela virtude, é um agir que é emanado de um carácter firme e inabalável. A virtude moral é uma característica do carácter que é bom uma pessoa possuir. Várias podem ser apresentadas: benevolência, compaixão, coragem, equidade, afabilidade, generosidade, honestidade, justiça, paciência, sensatez, lealdade, tolerância etc. As virtudes são consideradas importantes pelo facto de que a pessoa virtuosa terá uma vida melhor, sendo necessárias para orientarmos bem as nossas vidas. Pese embora todas as vantagens que esta ética possa oferecer levanta, no entanto, algumas questões ao nível da sua fundamentação, que pode oscilar entre o egoísmo ético e o utilitarismo por um lado ou o contratualismo por outro.

As ideias aristotélicas foram-se desvanecendo com o advento do cristianismo, atendendo que a razão deixou de ser o caminho para uma vida virtuosa pois esta agora provinha do cumprimento dos mandamentos divinos. Mais tarde a modernidade começou a apresentar uma moral secularizada sem no entanto fazer um retorno ao pensamento grego, mas substituindo a lei divina pela sua versão secular, a lei moral. Só recentemente alguns filósofos teorizaram um retorno às ideias aristotélicas, nomeadamente Elizabeth Anscombe em 1958, tendo a teoria das virtudes ganho muita simpatia na filosofia moral contemporânea. Cumpre, no entanto, referir que esta teoria ainda se encontra numa fase muito inicial, não existindo um corpo doutrinal relativamente ao qual os vários pensadores se revejam, há contudo um conjunto comum de preocupações que motivam esta abordagem.


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